Fiquei um tempo olhando pra tela do computador sem saber ao certo o que falaria nesse post. Às vezes, penso que todos os assuntos foram exaustivamente acionados, e aí comecei um retrocesso cervejeiro mental. Além do técnico, além das apostilas e mais, além daquele perfil Wikipédia que vemos em tantos textos por aí.
Esse ano, faço seis anos de mercado e cinco na mesma empresa, executando uma função que amo, apesar das ressacas que o mar de cerveja me proporciona. Mas o que a minha mente puxou, foi muito além do alcance profissional que conquistei, ou o que ainda tem pra evoluir e crescer, honestamente não penso nisso.
Ela me trouxe o gosto de uma cerveja artesanal que bebi nos primeiros meses de gestação no mercado. Você ainda se lembra qual foi a sua, onde foi e com quem? Aquela que te deu o clique e te fez entrar nesse mundo? O que foi que você sentiu nela que te fez querer viver disso, falar disso ou investir nisso? Então, eu lembro da minha. Ela não foi a primeira, mas a que marcou e me trouxe até essa cadeira em frente ao computador.
Era uma cerveja de trigo sem grandes segredos, uma Valentins que na época tinha aos montes. Não lembro se era lata ou garrafa. Visualmente, ela mostrava que a minha vida estava mudando totalmente. No aroma e sabor, gosto de novidade, curiosidade e paixão. Foi num empório de SP cheio de garrafas, nomes, pessoas… um mundo totalmente diferente daquilo que eu estava vindo, um armário de Nárnia. Quem me acompanhava, já macaco velho das cervejas, me apresentava todo um diário do novo mundo que eu, sem pensar muito nas consequências, me meti. Ele era um cara especial. Perdemo-nos pelo caminho, acontece.
Mas, de todas as aulas que tive ao longo de todos os anos e que ainda vou ter, é daquele momento, daquele gosto, naquele lugar e com ele que eu soube, precocemente, o que era se apaixonar à primeira vista por este mundo que, hoje, é a minha rotina.
Pena que o diploma (ou a ficha) chegou tanto tempo depois. Coisas da vida, como disse, não faço planos. Ganho, perco, arrisco, bebo (e muito hahahaha). A esse amigo, um abraço apertado, de longe, e um brinde regado a retrogosto de saudade.
E agora vamos pra um exercício pessoal: você, feche os olhos, coloque o mundo no mudo e me conta: qual foi a cerveja que te trouxe para cá? Se puxar na memória, você é capaz de sentir o gosto dela nessa momento?
Cheers,
Bruna
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Bruna Garcia
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