Guia de Iniciação Cervejeira

Guia de iniciação cervejeira – Parte 5

Para ver as outras partes desse artigo clique ao lado: Parte 1,2,3 e 4.

Nos artigos anteriores, falamos sobre a iniciação e melhoramento do cervejeiro. Esse desenvolvimento é longo e para um cervejeiro poder se considerar um “expert” precisa de muitos copos esvaziados…

Um cervejeiro pode se considerar “avançado” quando já experimentou grande parte dos estilos de cerveja e uma boa variedade dentro desses. Já identifica melhor os itens de uma cerveja, conhece bem as características da maioria dos estilos, enfim, está ambientado no mundo cervejeiro.

O principal ponto para o cervejeiro evoluir é seu nível de exigência e conhecimento para julgar qualidade e complexidade. Óbvio, ninguém vai para um churrasco no final de semana e enche uma caixa de cervejas de 30 reais, mas é necessário que nos momentos voltados à degustação o cervejeiro busque maior qualidade que antes. A consequência disso é, na maioria das vezes, um desembolso maior de verbas para comprar essas cervejas, que no nosso país ainda possuem um precinho nada camarada. Isso não significa que você deve desembolsar 200 reais em uma garrafa, mas normalmente cada exemplar vai girar na casa dos 15-30 mangos.

Para detalhar melhor esse período, vamos a algumas dicas:

1 – Tenha suas “queridinhas”: Por mais que você experimente dezenas de cervejas é importante que algumas sejam presença garantida na sua geladeira sempre. Busque algumas opções com bom custo-benefício e tenha sempre alguns exemplares, isso ajuda principalmente quando “sobra mês no fim do salário”. Eu particularmente, sempre tenho a Leffe Blond e Bruin, Colorado Indica e Bamberg Rauchbier como presença vip no meu estoque.

2 – Tenha taças e copos, muitos! : No começo, ter um ou dois copos é importante, mas com o tempo torna-se essencial ter uma variedade considerável. Óbvio, não precisa comprar uma taça por breja, mas ter uma coleção variada em estilos é essencial para sua melhor análise. Weizen, Tulip, Flute, Pilsner e Shaker são indispensáveis, além desses os Trapists, Pints e outros copos podem e devem fazer parte de sua coleção.

3 – Temperatura, acostume-se: Já havíamos tocado no assunto antes, mas agora é literal. Uma breja estupidamente gelada nem pode passar perto da cabeça de vocês. Degustar a cerveja na temperatura ideal é mais importante que qualquer outro procedimento. Em alguns casos, até mesmo a temperatura ambiente pode ser uma escolha válida. Portanto, uma breja “fresca” vai ser sua pedida agora.

4 – Leia, pesquise e antene-se!: Não basta beber, tem que entender também. Tenha alguns livros, participe de fóruns, leia matérias, siga blogs (se você está lendo isso já é um bom começo!) e fique atento as novidades do mundo cervejeiro. Com isso, você vai conferir os lançamentos de mercado (novidades e novas importações) e conhecer muita gente que entende do assunto e compartilha seu conhecimento e suas experiências. Participar de eventos também é uma ótima forma de aprender, ou seja, sempre que possível e viável, não perca nenhum evento.

5 – Escreva, por que não?: Já que você está bastante alinhado com a cultura cervejeira e tem muita coisa para compartilhar, escreva sobre isso. Crie um blog, compartilhe informações com seus amigos nas redes sociais, avalie suas cervejas em fóruns, seja uma voz ativa na cultura cervejeira. Aqui, um blog a mais não significa concorrência, é uma voz a mais em prol da nossa cultura.

6 – “Não tenho tanta experiência, não vou beber essas…”: Nada disso, beba! Afinal, o que estamos propondo são algumas indicações, você bebe o que quiser. O único detalhe é que quanto maior a experiência, maior aproveitamento de alguns detalhes você terá. Se der vontade de beber a mais complexa das cervejas, não perca a oportunidade, mas volte a ela assim que suas percepções forem mais maduras. É impressionante como nossa visão e preferências vão mudar com o tempo.

Com essas dicas, vamos às indicações de cervejas para os bebedores. Nessa lista, brejas indispensáveis e perfeitas para seu nível de conhecimento:

Deus Brut des Flandres

País: Bélgica

Estilo: Belgian Golden Strong Ale

Preço de Mercado: R$135,00 a 230

Por que ela?

Uma verdadeira lenda, sinônimo de sofisticação. Essa breja é desejo de todos os cervejeiros, por toda áurea em volta desse nome. A Deus, uma cerveja produzida na Bélgica, que viaja até a França e lá passa pelo processo chamado champenoise, o mesmo dos legítimos champagnes franceses, voltando para Bélgica para engarrafamento e rotulagem, é uma das mais procuradas e desejadas brejas, principalmente pelos recém apaixonados. Enfim, essa mistura refinada faz uma cerveja especial, digna de ser aberta apenas em ocasiões particulares e degustada com toda atenção que merece. Hoje, existem outras cervejas com o mesmo processo no mercado, que podem até ser melhores em qualidade, mas só ela tem essa elegância e leve complexidade. Essencial para o cartel de qualquer bom cervejeiro.

 

 

Boon Oude Geuze Mariage Parfait

País: Bélgica

Estilo: Gueze

Preço de mercado: R$ 28 a 40

Por que ela?

Primeiramente, gostaria de indicar para esse estilo a Cantillon Gueze, que foi a melhor que experimentei nesse estilo, porém ela não é vendida no país, por isso, indiquei a Boon Oude, que é a melhorzinha por nossas bandas. Esse estilo é bem diferente do convencional, é uma tradicional cerveja de fermentação espontânea, e nesse caso um blend de cervejas novas e mais maturadas. O resultado é uma cerveja ácida, azeda e avinagrada. Para muitos, o primeiro gole será seguido por uma careta, mas existem muitos fãs desse estilo. Experimente, e veja se você é um deles.

 

 

 

 

Gouden Carolus Cuvée van de Keizer (Rood ou Blauw)

País: Bélgica

Estilo: Rood – Belgian Golden Strong Ale / Blauw – Belgian Dark Strong Ale

Preço de Mercado: R$ 50,00 a 70,00

Por que ela?

Mais uma lenda das cervejas. Essas duas (Rood – Clara / Blauw – Escura) são fabricadas pela excepcional cervejaria Het Anker, responsável pelas Carolus, Lucifer e outras maravilhas. Uma vez por ano, mais precisamente no dia 24 de fevereiro, são fabricados alguns exemplares dessa cerveja, em homenagem ao imperador Charles V. Aromas e sabores fantásticos, cerveja muito complexa e equilibrada. Esse é um exemplo do que podemos chamar da cerveja completa. Além disso, é uma das favoritas para guarda e envelhecimento, pois evolui fantasticamente a cada ano de guarda. Eu, particularmente, tenho uma de cada para tomar lá na frente (Blauw safra 2010 e Rood safra 2009), mas muitos guardam por quase 10 anos antes de abri-la.

 

 

Brewdog Hardcore IPA

País: Escócia

Estilo: Imperial India Pale Ale

Preço de Mercado: R$ 17,00 a 22,00.

Por que ela?

Nessa etapa da sua vida cervejeira você já definiu boa parte de suas preferências, uma delas (diria, modestamente, a principal delas) é sua “lupulomania”. Se você, assim como eu, é fã de lúpulo, tecnicamente é fã de Brewdog. A cervejaria usa e abusa do amargor em suas brejas, e a mais gostosa/acessível delas é a Hardcore IPA. Uma verdadeira bomba de lúpulo, é muito equilibrada e frutada, com aroma fantástico. Além dela, a Colorado Vixnu, Anderson Valley Imperial IPA, Perigosa da Bodebrown, Del Ducato Machete, entre outras, são ótimas opções de brejas altamente lúpuladas. Um brinde aos “hopheads”.

 

 

Wäls Quadruppel

País: Brasil

Estilo: Belgian Dark Strong Ale

Preço de Mercado: R$ 13,00 a 18,00

Por que ela?

Uma das mais belas cervejas feitas em território nacional e um dos custos-benefícios mais assombrosos. Uma breja forte (11% abv), com corpo denso, doce, complexa. Não deve em nada para as brejas estrangeiras, e custa muito menos que a maioria delas. Além disso, a garrafa arrolhada dá um charme a mais para a breja. Além dela, qualquer outro exemplar da cervejaria Wäls eu recomendo de olhos fechados, pois é, em minha opinião, uma das melhores cervejarias do país.

 

 

 

Terminamos por aqui as indicações. No próximo e última parte desse post, mais 10 cervejas sensacionais, para os brejeiros experientes.

Cheers!

 

 

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